um rio detido na represa da memória




Fotografia de André Pisco


Potro de águas livres e nómada montesino milenar, o Sabor, pouco depois de nascido, a uma altitude de 1600m, na Serra da Parada, sobranceira “à bem cercada” Zamora, enceta viagem pela meseta ibérica, para brunir o seu leito sobre o rubro solo transmontano, e desaguar no Douro, junto à localidade que lhe herdou o nome - Foz do Sabor, em Torre de Moncorvo, ainda a uma altitude considerável, muito perto dos cem metros.

Dizem que o rio, onde aprendi a nadar, é o último rio selvagem da Europa. Todavia, o bicho Homem prepara-se para lhe deitar rédeas, não tarda nada. Os trabalhos já começaram, mas antes que as represas de betão o domestiquem e, bravo, permaneça só nas retinas da saudade, fomos detê-lo nós na represa da memória.










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